A técnica da Dupla Poda transformou a vitivinicultura brasileira ao tornar possível a produção dos chamados vinhos de inverno, colhidos durante a estação seca, quando as uvas alcançam sua maturação ideal e de excelente qualidade. Criada pelo pesquisador Murilo Albuquerque Regina, essa inovação consiste em fazer duas podas por ano na videira: uma de formação, no verão, e outra de produção, no outono. Assim, o ciclo natural da planta é invertido, permitindo que a colheita aconteça entre junho e agosto.
O resultado são vinhos com grande concentração, equilíbrio e elegância, apresentando taninos macios e acidez vibrante, características comparáveis às dos vinhos produzidos na Região do Rhône, na França, onde o clima seco e as variações de temperatura também favorecem a maturação perfeita das uvas tintas.
Hoje, várias vinícolas brasileiras utilizam a técnica da Dupla Poda com excelentes resultados, marcando um novo capítulo na história do vinho nacional. Entre as mais reconhecidas estão a Vinícola Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal (SP), referência internacional por seus vinhos complexos e consistentes; a Vinícola Maria Maria, que expressa com autenticidade o terroir mineiro; a Vinícola Artesã, conhecida por seu estilo elegante e artesanal; a Vinícola Barbara Eliodora, símbolo de tradição na Serra da Mantiqueira; e a Vinícola Casa Geraldo, que combina história e inovação em rótulos marcantes.
Mais do que uma simples técnica agrícola, a Dupla Poda representa uma verdadeira revolução cultural. Ela provou que o Brasil é capaz de produzir vinhos de nível mundial mesmo em regiões tropicais, quebrando antigos paradigmas e ajudando a construir uma nova identidade para a vitivinicultura brasileira.
